quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Os ares da cidade: o caso (complicado) de Brasília

Tenho estado em Brasília nesses meses de janeiro e fevereiro, mais nela do que em qualquer outra cidade. Depois de longo tempo sem vir à cidade, cheguei numa quinta-feira muito calorenta e chuvosa que me lembrou as longas tardes de chuva do verão amazônico.

A despeito dessa aparente identificação, Brasília não lembra nenhuma das cidades onde já estive: a intenção de seus planejadores parece ter sido mesmo essa. Hoje, quase 49 anos depois de fundação da cidade, a capital do Brasil ainda carrega um certo ar rural. A terra vermelha do cerrado que cerca a cidade faz-se presente e espalha-se pelas ruas asfaltadas e pelos prédios espetaculares. É como se a cidade tivesse sido construída há poucos dias e inaugurada de maneira afoita: carroças pelo Eixo Monumental e pelas grandes vias das Asas Sul e Norte reforçam essa impressão.

Mais do que esse quê rural o impactante aqui é mesmo o vazio nas ruas, o que não significa que as pessoas não circulem: na verdade, é possível ver os brasilienses pelas ruas. A especificidade aqui é que quando andam a pé circulam pelas Super-Quadras com um certo ritmo e intensidade próprios dos moradores de um condomínio. A partir das 8 da noite, entretanto, as calçadas que beiram as grandes vias recebem pouquíssimos visitantes. Mesmo os corajosos fãs de caminhadas terminam ficando nas suas casas. A cidade é do cerrado: de noite, é fria!