sábado, 25 de abril de 2009

Na República dos Broches, há também os corajosos

Esse post é mais uma comemoração, comemoração do dia em que um brasileiro falou verdades ao Presidente do STF. O Ministro Barbosa disse poucas e boas ao figurão do Mato Grosso e ainda foi curtir os cumprimentos do povão pelas ruas do Rio: da caminhada do Bar Luiz, no Largo da Carioca (acho que é por ali) até a Avenida Rio Branco, o Ministro foi abraçado, fotografado, aplaudido. Maravilha!

Na verdade, o atual texto ia nascendo de mais observações sobre a vida na capital brasileira. Um deles, o uso ostensivo de broches por servidores do Estado, se destaca entre os mais curiosos. É necessário apontar que só os servidores em altos cargos comissionados (na verdade, nem tão altos) usam os tais brochinhos. É muito interessante esse país: republicano, democrático, mas cheio de simbolos que contrariam seus princípios constitucionais.

Pois bem, quem chegar a Brasília e notar que engravatados costumam usar broches até nas filas dos supermecados (sintomático, não?), deve lembrar que os pequenos acessórios são um dos grandiosos símbolos de sucesso pessoal-profissional-político em Brasília.

Mesmo em viagens para longe do DF, onde a mais fácil identificação para o acesso aos Ministérios não é o essencial e nem pode ser usada como argumento, os republicanos usuários não esquecem os seus amados broches.

Deve existir nesses sites de relacionamentos comunidades do tipo "comunidade dos broches unidos" e coisas assim.

Não quis fazer nenhuma grande investigação sobre isso, mas uma declaração de um colega de trabalho resume bem o espírito da coisa: "... mas o Ministro não pode usar crachá: é muito feio". Aqui todo mundo sonha com dias melhores na vida buscando seu brochinho.

sábado, 4 de abril de 2009

o tempo

No diálogo com um homem do futuro sem nome, Eudoro Acevedo, personagem de Borges, assim fala de seu tempo:

“No meu curioso ontem, prevalecia a superstição de que entre cada tarde e cada manhã acontecem fatos que é uma vergonha ignorar. O planeta estava povoado de espectros coletivos, o Canadá. o Brasil, o Congo Suíço e o Mercado Comum. Quase ninguém conhecia a história prévia daqueles entes platônicos, mas, sim, os mais ínfimos pormenores do último congresso de pedagogos, a iminente ruptura de relações e as mensagens que os presidentes mandavam, elaboradas pelo secretário do secretário com a prudente imprecisão que era própria do gênero. (...) No ontem que me tocou, as pessoas eram ingênuas; acreditavam que uma mercadoria era boa porque assim o afirmava e repetia o seu próprio fabricante. Também eram freqüentes os roubos, embora ninguém ignorasse que a posse de dinheiro não dá maior felicidade nem maior tranqüilidade.” (Borges, Jorge Luis “A utopia de um homem que está cansado in: O Livro de Areia)