terça-feira, 23 de janeiro de 2007

vislumbrando uma nova Manaus

Postarei aqui um pequeno artigo que tentarei publicar num jornal amazonense. Antes disso, disponibilizarei-o aqui. Trata-se de uma pequena reflexão sobre o "retrato" de símbolos da sociedade amazonense através da minissérie global "Amazônia". Tento apresentar a atualidade de se falar na ultravalorização de alguns símbolos por essa sociedade, apesar das evidentes transformações do mundo capitalista.
O que quero dizer, no fundo, é que quanto à sociedade amazonense mudaram algumas formas simbólicas, mas a essência da valorização de símbolos da cultura material ainda é muito forte.
Torço para que isso mude: só de outra forma é possível transformar um pouco a realidade.
É Isso!
Abaixo o texto:


Manaus: ontem, hoje e amanhã


Nos últimos tempos, o Brasil tem sido apresentado a um momento histórico da sociedade amazonense, através de uma produção televisiva de uma das emissoras de TV com alcance nacional. Tal momento se refere ao ápice do ciclo econômico da borracha, que engendrou o acúmulo de imensas fortunas pelos proprietários dos grandes seringais. Evidente que a mais fortuna ainda tiveram acesso os importadores da borracha que a transformavam em produtos industrializados, posteriormente revendidos aos endinheirados da borracha por um valor de mercado certamente maior.
A despeito de alguns símbolos manejados pela produção serem exagerados, salta aos olhos para os outros brasileiros a representação de um quadro de coisas muitas vezes reproduzido oralmente na sociedade amazonense. E que quadro é esse? É o do fausto econômico, do esbanjamento, do orgulho pela abundância da riqueza que circulava pelas ruas de nossa capital, mas que era obtida através do suado (e mal pago) trabalho de seringueiros espalhados pelo interior do estado. Um livro do português Ferreira de Castro de título “A selva” apresenta ao leitor a sofrida vida dos trabalhadores nos seringais.
Uma cena imaginária me acompanha desde a meninice: um rico coronel da borracha a enrolar seu tabaco com uma nota de cem mil réis. Como amazonense, nem precisei de livros para chegar a essa informação. Provavelmente, uma de minhas avós me narrou a história chegada a ela já mediada por um outro antepassado.
O que eu quero propor à análise dos leitores aqui é o seguinte: até que ponto a sociedade manauara é diferente do que foi nos tempos da borracha? Sem dúvida, os tempos do capitalismo são outros: hoje em dia um dono de um seringal não seria agraciado por tamanho poderio econômico. Certamente, ficaria acabrunhado no provincianismo de suas terras. O esbanjamento que acometeu nossos coronéis na virada do século XIX pro século XX se inseria num quadro ideológico que pintava as cores das vidas dos dândis e bon vivants. Esbanjar era um símbolo de riqueza e prestígio. Hoje, o esbanjamento já não é bem visto ou valorizado pela elite econômica.
É através dos símbolos que os indivíduos podem comunicar à sociedade o que são. Numa sociedade em que a mobilidade social é existente como na brasileira, os símbolos ganham forma que vão desde a vestimenta trajada até o celular usado. E se vêem espalhados pelas ruas da cidade tais símbolos em movimento nas mãos ou nos corpos dos manauaras. Em termos gerais, no capitalismo é melhor quem tem mais. E nisso Manaus não mudou, bem como grande parte do mundo.
Há, entretanto, um símbolo também capaz de conferir prestígio, que proporciona o acesso ao conhecimento. Tal símbolo, mais valorizado em outras partes do mundo, proporciona a quem ganha intimidade com ele a possibilidade de vislumbrar outras realidades possíveis. Mostra a história que as sociedades mais íntimas ao conhecimento e à educação conseguiram resolver seus problemas e avançar muito mais que as que não o valorizam. O símbolo, que na verdade é um instrumento, do qual trato é o livro. Se víssemos, e eu espero que um dia chegaremos a isso, tantos livros pela cidade quanto celulares e automóveis, mais rapidamente teríamos mais ciência da nossa contraditória sociedade e avançaríamos rumo a um melhor mundo.

sábado, 20 de janeiro de 2007

do discurso sobre o filho-da-puta

Vivemos num mundo em que a diversidade é cada vez mais ameaçada por um tipo de exaltação massiva de um modelo de vida, em que ganha importância o "ter" e perde o "ser". Por vezes, a idéia de cidadania política já se vê substituída por um tipo de cidadania do consumo. Só fala quem compra, só escreve quem paga! E mais e mais, o mundo vai ficando silencioso.
Tenho lido um livro publicado pela editora Achiamé. Chama-se "Discurso sobre o filho-da-puta" que, de uma forma alternativa, questiona o processo de reprodução do cada vez mais complicado mundo em que vivemos.
Publico abaixo um pequeno trecho do livro de Alberto Pimenta:

"filhos-da-puta vocacionados para fazer e filhos-da-puta vocacionados para não deixar fazer, e estes (desde já se pode afirmá-lo) são os dois tipos universais e eternos de filho-da-puta. Há, naturalmente, subtipos e especializações funcionais com funções especiais: modos de fazer e de não deixar fazer, de fingir fazer e deixar fazer, ou de fingir não fazer e não deixar fazer; no entanto, quer os dois tipos, quer os vários subtipos de filhos-da-puta, todos eles são primeiramente e acima de tudo filhos-da-puta e disso todos estão bem cônscios. É por isso que nem sempre podemos e devemos delimitar rigidamente estes tipos, dado que eles são flexíveis e constantemente se entrecruzam e interpenetram e, sobretudo, constantemente se ajudam e entreajudam. (...) Todo o filho-da-puta especializado em fazer faz tudo o que possa contribuir para que a vida não corra despreocupadamente; todo o filho-da-puta especializado em não deixar fazer não deixa fazer nada que possa contribuir para que a vida corra despreocupadamente. (...) É longa, muito longa, a lista do que pode fazer um filho-da-puta especializado em fazer: desde normas e adendos e emendas de formas, até decretos oblíquos e retos , e despachos discretos, não há nada, não há praticamante nada que um filho-da-puta especializado em fazer não possa fazer."

sábado, 13 de janeiro de 2007

mudanças

Não procurei me informar muito, mas parece que o blogger foi comprado pelo Google.
Isso não mudaria nada a política desse blog. O que aconteceu , entretanto, é que meu último post não tinha sido publicado até hoje. Tinha postado em 09 de janeiro.
Cheguei à conclusão que devia entrar nesse novo blogger. Por isso, até o endereço do blog mudou: passou a ser joaodaega.blogspot.com
Isso, de certa forma, foi bom. Pude retirar alguns posts dos quais não gostava tanto, ou aqueles grandes demais. Assim, retirei uma entrevista do professor Renato Lessa publicada no jornal "Valor Econômico" e um texto de um sociólogo argentino sobre o polonês Bauman.

Para não perder totalmente a linha temporal do blog, revelei ao lado dos títulos de cada post a data de sua publicação no antigo blog. É isso aí!!
Abraço

Niterói (09/01/2006)

Andava desencantado em relação à bela cidade onde moro. Tenho sentido muito calor, nesses tempos de verão. Talvez eu continue aborrecido com o calor e com o tempo que parece não andar por essas bandas: Bandas d'Além é onde vivo. Mas não é a respeito de aborrecimento que eu vim falar por aqui.Talvez o assunto aqui seja reencantamento, algo possível (ainda bem!) sempre que o sol volta a brilhar.Andava pelas ruas de meu bairro rumo à UFF, e resolvi entrar mais uma vez no Museu Antônio Parreiras. Sempre achei bela a casa, que impõe um tom bucólico na floresta de prédios que a cerca. Há um grande jardim com bancos, espaço verde.Sempre gostei menos de ver as pinturas do paisagista Parreiras. Não que sejam ruins. O motivo não é esse! É que são quase sempre expostas as mesmas coisas, de maneira que visitar o espaço ganha um grande repetitividade.Pois bem, hoje a coisa não foi assim. Tratava-se de um pequena exposição de quadros com paisagens de Niterói ao longo dos tempos. Os quadros eram assinados tanto por Antônio Parreiras quanto por outros pintores. Um deles me permitiu saber que um espaço de Niterói que eu pensava meu já havia sido desbravado por outros, inclusive tendo sido retratado. Falo de um lugar encravado entre as pedras da Ilha da Boa Viagem de frente para a saída da Baía de Guanabara. Ali, costumo pegar sol e dar uns mergulhos solitários.Além disso, soube que subindo o morro, que faz parte do terreno da casa, tem-se acesso a mais uma casa que o pintor construiu pro filho, e um grande atelier. Belíssimo lugar!! Conta com um grande espaço de área verde que eu não conhecia com bancos. Soube que a área tem 5 mil metros quadrados e vai até os muros das casas de São Domingos do outro lado da pequena montanha.Penso em ler por lá pelas manhãs!E saí de lá (na volta à barulheira da vida metropolitana) alegre e satisfeito de morar nas Bandas d'Além.

ano novo!! (31/12/2006)

Quase num novo ano por essas bandas tropicais! Que seja um bom ano pra todos!!Depois de ficar massacrado pelo calor niteroiense, os ares da serra renovaram as esperanças.Renovadas as esperanças, coloco aqui um artigo escrito por mim e publicado pelo jornal "Estado do Amazonas".Já devo ter escrito sobre isso, mas a satisfação de escrever algo e ser lido por mais do que os integrantes de uma banca acadêmica é grande. Por isso, sempre fico feliz quando acontece!O artigo trata de um olhar sobre a realidade urbana e uma reflexão a respeito do imaginário de uma cidade protagonista de pelo menos dois grandes ciclos econômicos, mas que precisa se integrar ao mundo criando e propondo soluções endógenas, capazes de trazer à baila a maioria da população (sempre alijada do fausto econômico).É isso!Torço para que o próximo ano seja bom pro mundo, em especial, aos seres humanos mais próximos de mim.Feliz ano novo e abraço a todos!!


POR MAIS VOZES NA CIDADE
Noutro dia, tomei um táxi em Manaus. Num dia quente, as ruas da cidade estavam entupidas pelos carros. Depois de alguns minutos, perguntei ao taxista se aquele fenômeno era normal. Ele me disse que sim: todos os dias passava pelo mesmo. Perguntei o que ele achava daquilo. Respondeu-me que pensava que isso era inevitável já que a cidade estava crescendo e se modernizando. Dessa forma, a única coisa a fazer era esperar.
O episódio narrado demonstra o quanto a “modernização” de Manaus parece ocorrer à revelia de grande parte da população da cidade, como se fosse possível uma cidade se desenvolver sem a participação de seus habitantes em tal processo.
Tal alheamento de grande parte da população de um processo de modernização não é inédito em nossa história. Mesmo na historiografia sobre a realidade urbana de Manaus, não são poucos os relatos que põem em paralelo todo o fausto trazido pelo dinheiro da borracha à cidade, com melhoramentos que superavam os da então capital federal Rio de Janeiro, e a realidade muito distinta de outras partes da cidade distantes do circuito das óperas e cafés.
O atual fluxo modernizador tem como vetor básico o Pólo Industrial de Manaus. Manaus passa a ser vista e se identificar como uma cidade industrial, tecnológica, portanto antenada à rede das grandes cidades mundiais. Manaus, mais uma vez, se encontra num redemoinho que reúne vultosas quantias de seu parque industrial e uma péssima qualidade de vida de grande parte de sua população. Tal contradição profunda é conhecida por quem minimamente reflete sobre a condição sócio-econômica da população de Manaus e do Amazonas.
Chamo atenção aqui para uma outra dimensão capaz de revelar mais um aspecto da contradição que apontei acima. Não é raro ouvir ou ler discursos de atores sociais manauaras com acesso aos meios de comunicação que dão conta da inequívoca entrada de Manaus a um rol de cidades-pólo de alguns símbolos de poderio econômico. Quanto mais sofisticados restaurantes, lojas de grife presentes em importantes cidades do Brasil e do mundo, mais espaços caracterizados como globais, mais Manaus estaria inserida num quadro ideal de modernidade.
É evidente que a própria realidade oferece elementos para contrabalançar todo esse avanço. E se há uma característica que permita a uma cidade se pretender moderna é a complexidade de seus atores sociais e das relações entre eles. Tal realidade multifacetada não falta à Manaus. Ausentes são a inclusão e a legitimação no espaço público de uma maior quantidade de discursos de personagens de Manaus, o que poderá conferir às representações a respeito da cidade uma heterogeneidade que já lhe é peculiar.
Fundamentais nesse processo seriam o fortalecimento de entidades de classe (de sindicatos patronais ao de trabalhadores), do movimento estudantil, enfim de grupos que de alguma forma representassem as variadas visões a respeito de cidade e modernidade, além de fóruns de discussão que possibilitassem a reunião desses pontos de vista.
Não nos furtaríamos a ouvir as maravilhas da Manaus vivida pelos segmentos no topo da pirâmide social, mas escutaríamos os outros anseios da base da população.

Papillon (25/11/2006)

Recentemente, li “Papillon” do francês Henri Charriére. O livro é um libelo pela liberdade e pelo questionamento das verdades da sociedade ocidental. A todo momento, o autor pergunta a nós leitores se alguém pode ter a regalia de definir o futuro inteiro de outrem. O que daria legitimidade a um sujeito com tal poder de decisão? Povoa mais ainda o romance a possibilidade de recuperação individual. Qual o argumento capaz de convencimento a respeito da impossibilidade de um indivíduo, especialista em erros e atropelos ao longo da vida, acordar um dia e estar pronto a redimir-se dos antigos pecados? Ora, se todo mundo que reflete sobre os tempos atuais está convencido da “liquidez” (como diria Zigmunt Bauman) da vida, ou seja, que todas as certezas de um indivíduo ou tudo que o cerca, do mais abstrato ao mais institucionalizado dos elementos, pode mudar a ponto de o embasbacar e paralisar, também se pode partir do pressuposto de que o indivíduo outrora perigo para os outros da sua sociedade, pode mudar pra melhor. Não que eu me declare aqui um otimista em relação aos avanços da humanidade: matamos Sócrates, o melhor dos seres humanos. Mas a história do personagem principal, condenado à prisão perpétua aos 25 anos de idade na colônia francesa da Guiana aponta as possibilidades de resistir. Mesmo que tudo em volta o apontasse à eterna condenação, Papillon se convencia que sairia, fugiria e voltaria a ser livre. O livro é longo, como foi longa a vida de Papillon entre as grades, apesar de repetidas tentativas de fuga. Um dos trechos que mais me chamaram a atenção foi o momento em que o personagem é enterrado numa horrível cela, onde devia permanecer incomunicável. Papillon se dá conta que enquanto pudesse pensar e sonhar, estaria lá a resistir e contar os dias para próxima tentativa de fuga. Isso lembra muito o Thoreau que, mesmo preso, se considerava livre.Quanto ao autor Henri Chattiére, que foi realmente preso e fugiu da prisão na América do Sul, há polêmicas. Um jornalista brasileiro chamado Platão Arantes afirma, e parece ter argumentos pra isso, que Chattiére não é o verdadeiro autor do livro, e sim um outro francês René Belbenoit. Esse último, também fugitivo da Justiça francesa, teria morado em Roraima, e ao passar o livro para Chattiére que seguia pros Estados Unidos, perdeu o manuscrito. Chattiére teria olhado pro material, dado uma recauchutada e publicado. Quem quiser se informar, há sites por aí que dão conta da discussão. A despeito dessa discussão, vale a pena ler!

Vasco!! (01/11/2006)

Hoje o Vasco tomou uma bordoada: 6 a 4 de um coadjuvante paranaense. Engraçado isso! O Vasco perde e eu me sinto mais ainda vascaíno. A identidade ganha mais uma dimensão com as derrotas.Na semana passada, fui ao Maracanã e escrevi isso a respeito:Não ia ao Maracanã há muito tempo. Fora do Rio, assistia aos jogos do Vasco pela televisão. A dolorosa final da Copa do Brasil passou assim pelos meus olhos. Estava em Manaus e lá, apesar da distância do templo maior do futebol, a rivalidade entre Vasco e Flamengo é muito grande. Lá, a polarização entre as duas torcidas é ainda maior. Certamente, embora isso não se meça facilmente, o Clássico dos Milhões é o jogo que envolve mais paixão por todo o Brasil.Quis o destino que a volta ao Maracanã se desse com mais um Vasco e Flamengo. Tive a sorte e o prazer de ter ao meu lado meu irmão na torcida por nosso time.E como o Maracanã está belo, com os melhoramentos para os Jogos Panamericanos. E, numa quinta-feira à noite, se encheu de cores para o jogo. Mais de 40.000 foram ao estádio.No primeiro tempo, a melhor atuação do Flamengo assustou a torcida vascaína. Os fantasmas do passado próximo não saem de perto. Parecia que o Flamengo mais uma vez nos venceria. Mas aí começou a redenção com um gol do meia Abedi depois de uma jogada sensacional do vascaíno Jean.A partir de então, o que se viu foi uma belíssima manifestação de amor da torcida do Vasco que se envolveu quase que visceralmente com o time para levá-lo à vitória. Passamos todo o intervalo do jogo, quando ainda se via o empate no placar, cantando e vibrando. E o time na volta para o segundo tempo veio para vencer. E venceu!Mas o principal de tudo isso foi olhar pro lado e ver meu irmão feliz. Extasiado com a vitória, maravilhado com a beleza daquela festa da qual ele não participava fisicamente há muito tempo, mas sempre vai ser protagonista: a de vibrar pelo Vasco no Maracanã. Ele dizia sem parar: “lindo, lindo, isso tudo é muito lindo”. E eu assentia: tudo aquilo era mesmo lindo. Uma confraternização de milhares que não se conhecem, mas íntimos naqueles gestos que cercavam aquele instante. O fundamental ali era ser vascaíno! Felizes com mais uma vitória! E eu tinha meu irmão ao meu lado, e o abraçava. Eita felicidade!!!E vida que segue!

Entre o jogo contra o Fla e o de hoje, o LULA foi reeleito contrariando os esforços de grande parte da elite brasileira. Acho que venceu o programa de um partido mais próximo de atender os interesses do Brasil, embora muita coisa tenha que sofrer alterações. A despeito do que se dizia, o Partido dos Trabalhadores se fortaleceu nas urnas e isso é importante para a democracia brasileira que ainda engatinha.

sobre mídia e eleições (06/10/2006)

Nesses últimos tempos, tem feito parte de minha rotina acompanhar mais atentamente o comportamento dos jornais (principalmente) a respeito das eleições presidenciais. Penso que se olhasse para os jornais tão atentamente quanto estou a olhar por agora, veria facilmente muitas e muitas desequilíbrios em relação à imensa complexidade de coisas que constituem o cotidiano. Isso não é novidade! Também não é novidade a enviesada cobertura que os grandes jornais dão às variadas plataformas políticas.De vez em quando, entretanto, parece que esse acordo tácito entre o leitor e os jornais se rompe. Ora, sabemos que os jornais (e seus articulistas) carregam a árdua missão de parecerem minimente objetivos e neutros. É claro que não se é: a reflexão me parece "condenada" ao mundo subjetivo (e das opiniões e visões sobre o mundo), a despeito do que pretendem os objetivistas. Há momentos em que o aborrecimento é maior do que de costume, e eu me pego pensando "não leio mais esse jornal. Acabou!"Um desses momento se deu no domingo da eleição. Fuçando pela internet, achei um texto escrito pela Prof. da UFRJ Ivana Bentes que devia ter sido um dos artigos publicados no caderno Mais da Folha de São Paulo. E não foi: a autora foi comunicada que seu artigo não estava afeito aos moldes da edição do referido caderno.Coloco aqui a íntegra do artigo, para aclarar o porquê da não publicação:



Morri no exílio, na província argentina de Corrientes, em 6 de dezembro de 1976, sozinho, vítima de ataque cardíaco, numa fazenda da fronteira. Tentava voltar para o Brasil, de onde me expulsaram com o Golpe Militar depois que anunciei, no dia 13 de março de 1964 num comício para 150 mil pessoas na Central do Brasil que iria fazer a Reforma Agrária, Urbana, as reformas na Educação, a Reforma Eleitoral, Tributária...Não deixaram fazer nada e me derrubaram! As forças mais conservadoras da sociedade Brasileira se uniram e foram convocadas a me depor, toda a imprensa ficou contra mim, Esse já era o terceiro golpe midiático-militar, botaram a classe média horrorizada na rua, as senhoras da TFP, editoriais alarmistas e moralistas, páginas e páginas de jornais, rádio, TV. Assustaram todos até que cai no dia 1º de abril de 1964.Não adiantou, estou de volta! Não sei como, só sei que eu João "Jango" Goulart, ex-presidente deposto, retornei, é dia de eleição e estou concorrendo de novo para Presidente do Brasil. Mudei de partido. Estou grisalho, perdi um dedo da mão (onde?) e me dou conta que as forças que me derrubaram em 1964 estão quase todas aí. Continuo com apoio popular, estou com enorme vantagem nas pesquisas, mas por que os jornais dos últimos meses são todos contra mim e meu partido? Estou sendo de novo linchado? Em 64 diziam que eu ia implantar o comunismo no Brasil e agora que estou implantando a corrupção em Pindorama!Meu assessor me informa que vamos assistir à fita com o meu debate na televisão. Estou reconhecendo o pessoal da pesada de 64. Então tenho uma visão exata de quem eu sou e o que represento no Brasil de 2006, me vendo pelos olhos dos meus inquisidores. Roda o VT. Não, dá um Play. Play it again, Jango! Ouço, e então presente, passado e futuro se dobram na tela da TV.Entrevistador e dono de uma empresa de TV:Sr. Presidente, de todas as reformas que o senhor propôs, uma é a mais perigosa de todas, é um acinte aos empresários da comunicação, de rádio e TV. Sr. Presidente, o senhor tentou entrar na nossa caixa preta, regular nossas empresas com uma Agência. Nós somos contra, Sr. Presidente! Onde já se viu? Deu está dado! Não queremos ninguém novo no negócio. Canal de TV para Ong, para Universidade, para favela? Eles não precisam de nada disso e ainda fazem uns vídeos que são umas porcarias. Qualidade temos nós com essa imagem plastificada, atrizes esticadas digitalmente, programas incitando à delação. Eles a gente emprega pra figuração, usa para vender celular e fazer propaganda da nossa diversidade cultural. Os pobres têm estilo, são vibe, hiper, mob, servem pra vender quinquilharia e show. Mas dar canal de TV pra essa gente, Presidente?Jango: Eu tenho um ministro da cultura que é músico e negro e quer botar ilha de edição, câmeras de vídeo e internet de graça por onde der. É o início da Reforma da Cultura, da Educação, da Comunicação, junto com o Fundeb, o Fundo para a Educação, que eu criei lá em 62, e reeditamos agora. Por que ninguém fala do Fundeb?! Eu tenho orgulho de estar implantando o Fundeb!! As cotas no Brasil! Estou botando os negros e os pobres dentro da Universidade. Temos que acabar o vestibular, tornar o acesso universal. Além disso eu criei o Bolsa Família, tirando um contingente da miséria, é a maior transferência de renda já feita nesse país. Eu apóio o MST, os Sem-Teto! Me deixem fazer as Reformas! As novas e aquelas, que vocês abortaram em 64!Professor-Doutor-Pesquisador:Desculpe, sr. Presidente. Eu fiz mestrado com bolsa Capes, doutorado com bolsa sandwich em Paris VIII, CNPQ, e tive bolsa de pós-doutorado em Oxford. Meus alunos têm bolsa de iniciação artística, científica, extensão... Mas eu sou contra a Bolsa Família!!! É assistencialismo dar 50 reais (é muito, acostuma mal) para pobre. Populismo, sr. Presidente! Minhas bolsas eu ganhei todas por mérito. Mérito! E olhe que sou bolsista há 10 anos! Deus me livre perder minha bolsa!Antropóloga, antes de entrar na roda de debate:Ô diretor, chama um negro aí para aparecer no programa, mas tem que ser contra as cotas. A gente é branco, professor-doutor, não vale. É pro povo entender que é uma merda, que eles têm que entrar para a Universidade sozinhos, por mérito, se não vai cair o nível da universidade. Botar um antropólogo branco, louro de olhos azuis falando mal das cotas não vale, vão cair de pau na gente. Tem que ser negro falando mal das conquistas dos negros.Diretor de TV:Você sabe, a gente detona as cotas diariamente nos editoriais, colunas, manchetes, mas nas novelas tem que ser a garota negra com o galã branco. Botamos na tela uns negros limpinhos, bonitos, cheios de dignidade. Provamos que eles vão vencer sozinhos. Cota para quê? Nunca fomos racistas! Querem criar o racismo no Brasil, sr. Presidente. O senhor está muito mal assessorado nessa área. Aliás, não vai ter cota para negros em empresas de TV, vai? Deus me livre! Não dá pra fazer Escrava Isaura no Leblon.Entrevistador-cronista-consultorSr. candidato, o senhor está na frente das pesquisas, mas como esse povo ignorante, desdentado, feio, pode decidir por mim? Eu, que freqüentava o Palácio do Planalto, que era amigo e confidente do sociólogo, seu cronista-conselheiro. Eu, que sou especialista em pornografia política. Achei que poderia ser de direita mas escrever genialmente como o Nelson, mas não tenho esse talento. Estou aqui me olhando na TV e só vejo um publicitário mal-sucedido, porque o meu candidato a presidência vai perder as eleições e meus amigos vão ficar fora do poder. Sou a encarnação das forças do ressentimento. Pelo menos sou psicanalizado, me acho um crápula, mas tudo bem. Os empresários me pagam 10, 20 mil por palestra ou consultoria para eu anunciar o apocalipse. Não tenho o que perguntar. Só queria dizer olhando bem na sua cara. Eu te odeio, sr. Presidente, e morrerei escrevendo contra tudo o que o senhor significa (baba).Apresentadora de TV:Então Sr. Jango, depois de ouvir isso tudo sobre o seu governo, o que significará a sua reeleição?Jango: "O triunfo da beleza e da justiça". E não me chamem mais de Jango, o ex-presidente morreu, no golpe de 64, exilado na fronteira, em 1976. O novo presidente nasceu das crises que vocês criaram, tentando me derrubar , uma duas, três, quantas vezes? Não estou mais só, em 2006, tenho 55% das intenções de votos, atingi o coração do Brasil, sou uma radicalização da democracia. Meu nome é Muitos. Sou uma potência da multidão.

distorções jornalísticas (26/09/2006)

Ontem, assisti a um programa na televisão que reuniu o historiador e atual coordenador da campanha de Lula à reeleição Marco Aurélio Garcia e o filósofo da USP José Arthur Gianotti. Os dois foram convocados para abordarem o atual quadro político brasileiro. O debate foi certamente interessante por tornar claro a oposição entre as idéias dos dois, inclusive porque se Garcia é formalmente ligado ao PT, Gianotti é identificado por todos como que ligado ao PSDB.Pois é, o programa transcorria normalmente até que o Gianotti citou uma pesquisa do Ibope apresentada pelo jornal “Estado de São Paulo” como argumento que apontaria a razão pela qual o Brasil andaria tendo como governantes figuras com pouca ou nenhum apreço pela tal ética na política. O azar dele foi que o Franklin Martins, âncora do debate, também havia lido tal matéria, assim como tinha tido acesso aos números da pesquisa. Tinha, inclusive, escrito sobre a disparidade entre os números da pesquisa e o teor da matéria em sua coluna no Portal da IG. (Tal coluna se encontra aqui: www.franklinmartins.com.br/post.php?titulo-na-reta-final-e-preciso-cuidado-para-nao-se-envenenar-o-pais)Na verdade, os números não indicam nenhuma grande diferença de reprovação a políticos corruptos quando se leva em conta diferenças regionais, sociais , econômicas. Acontece que o Estado de São Paulo quis publicar isso, à revelia da pesquisa que contratara. E o Gianotti também!Esse é um dos exemplos da distorção que a mídia pode trazer à realidade que intenta observar. Outro caso vai sendo revelado aos poucos: o dinheiro supostamente ilegal, raiz da tentativa de criminalizar a compra de um dossiê por petistas, vai se mostrando legal.

em setembro no Brasil (13/09/2006)

A vida vai seguindo pelo mundo. Aqui no Brasil, vive-se um momento pré-eleições. Depois de um tempo de determinada letargia nas campanhas dos candidatos políticos, parece que o caldo começa a esquentar.As acusações de corrupção ao governo Lula e PT voltaram à tona. O candidato tucano, que parecia imune às pressões internas ao PSDB e pefelistas pela citação de denúncias, cedeu e passa a atacar duramente a figura do presidente numa última cartada para subir na preferência do eleitorado brasileiro. Sua intenção parece, entretanto, condenada ao malogro. Sucessivas pesquisas mostram dia após dia que a escolha dos brasileiros está feita. Há, diferente das outras eleições, pouquíssima variação nas intenções de voto.E o motivo mais aparente para isso é a comparação pragmática entre o governo de Lula e a era FHC. A maioria prefere o atual presidente.E esse fenômeno é paradigmático para fazer pensar sobre a seguinte questão: no Brasil, é comum se falar no alcance das idéias de um determinado segmento da sociedade conhecida como sendo os "formadores de opinião". Entretanto, o que se observa nas atuais eleições é a falta de alcance das palavras e urros dessa minoria, ou mesmo a irrelevância (para a maioria) do seu discurso.Mais ainda, o que é possível perceber é um caminho num sentido distinto: a maioria parace influenciar a minoria. Os segmentos populares foram (e continuam a ser) amplamente favoráveis à reeleição de Lula mesmo na época do aparecimento e da ênfase midiática ao que ficou conhecido como "mensalão", a classe média se manteve reticente. Agora, chamada ao debate, a segunda parece se render à comparação objetiva entre os governos petista e tucano, ajudando a catapultar Lula ao segundo mandato.Entre outras coisas, é por isso que FHC esperançoso de se ver livre da pecha de resposável por mais uma derrota tucana, publicou a tal carta aos eleitores brasileiros, na qual faz duras críticas a posturas adotadas pelo PSDB e lamenta e inexistência de uma figura que ateie fogo à campanha. Parece-me que o tiro saiu pela culatra: todos perceberam tal intenção e FHC vai ter que "andar de lado" por mais um tempo.Enfim, é possível que a população brasileira tenha passado a avaliar mais objetivamente os avanços (sociais e econômicos) que os variados vernizes políticos conseguem imprimir, para compará-los e então decidir, estando menos afeita às influências midiáticas (lembrem o caso do debate entre Lula e Collor, editado pela Globo), e às visões dos tais "formadores de opinião".Penso aqui no Jô Soares, que para mim não passa de um bonequinho de ventríloquo, tentando entender: "Ah, mas depois de tudo que falei e esperneei..."

sobre Borges (10/09/2006)

Tenho lido muito (e com prazer) o escritor argentino Jorge Luis Borges.Leio Borges e seus contos com a mesma atenção com que vejo as coisas mais sérias da vida. Lê-lo é um ato de seriedade: não se permite um só deslize ou desatenção do leitor. Penso que o autor argentino alcançou o mais prodigioso dos objetivos de um escritor: alcançar com suas palavras (seu mundo particular) os mais variados mundos pertencentes aos seus inúmeros leitores. Reflito a respeito disso porque, no meu caso, sempre que leio um de seus contos, vejo neles impressas algumas reflexões que já empreendi durante minha andança pelo mundo. Permita-me o leitor dar dois exemplos apenas: no conto “O Sul”, Borges faz uma comparação (sem revelar) da distância entre o homem ocidental-moderno que pauta sua vida pelo intenso caminhar da história e os homens que vivem sua vida desconectados desse tipo de convenção. Depois (antes no texto), realiza exercício semelhante em relação a um gato com o qual o personagem Juan Dahlmann encontra-se num café para o qual se dirige: “porque o homem vive no tempo, na sucessão, e o mágico animal, na atualidade, na eternidade do instante.” ( Ficções, pp. 188)Não são raros os momentos em que me vejo diante de figuras humanas (ou não) e sou levado a refletir sobre tal questão. Ora, apesar de compartilhamos por instantes o mesmo mundo sensível, a mesma realidade, tenho clareza da não intersecção entre meu tempo e dessas figuras, seja de um casal de imensos filas brasileiros na subida de uma das montanhas da serra friburguense, seja de misteriosos personagens que avisto durante minhas caminhadas noturnas. São vivos? Têm corpos? Pensam? Tenho medo de perguntar... Um outro exemplo se dá com a leitura de dois contos: “Funes, o memorioso” e “Del rigor em la ciência”. Certamente, aprende-se mais sobre ciência e especificamente sobre antropologia (parte do campo científico em que jogo) lendo tais contos do que assistindo alguns de meus colegas antropólogos falarem por horas a fio para suas platéias de alunos ávidos pelo saber. O que de mais fundamental deve se falar sobre etnografia (ou melhor, sobre o risco do etnografismo) senão “no abarrotado mundo de Funes não havia senão pormenores, quase imediatos”, comentário que o narrador do conto faz sobre a incansável (e terrível) tarefa de Funes de se esmerar em descrever a vastidão de todo o mundo. Ou como nesse trecho: “Duas ou três vezes havia reconstruído um dia inteiro; nunca havia duvidado, porém cada reconstrução já tinha requerido um dia inteiro.” (Ficções, pp 125)Ou como na lição dada em “Del rigor em la ciência”, em que um pais na ânsia pelo registro, termina construindo novas cidades para retratar as originais. A mensagem é que evidentemente não se pode fazer uma representação do real na exata medida do real. Seria como construir uma nova realidade. E no conto até se consegue dar fim à atividade, mas quando se consegue, a realidade já se transformou mais uma vez. Ora, tarefa fadada ao eterno insucesso. Por isso, o etnógrafo deve se esforçar por ter como alvo (e assim definir o mais rapidamente possível) uma das dimensões da realidade para não cair no erro de Funes ou dos que pretendem registrar o mundo em termos absolutos.

sobre convivência (10/09/2006)

Noutro dia, fui alvo de assaltantes. Fugi pelas vazias calçadas de Manaus. Terminei me escondendo no único estabelecimento comercial aberto nas proximidades. E não era tarde: a noite tinha acabado de chegar.O lugar onde fui assaltado é uma importante avenida que leva os trabalhadores e empresários para o Distrito Industrial, encarado como "ouro" pelo imaginário amazonense. Pois bem, perto dali estão um grande centro comercial, tido como o mais elitizado da cidade, e uma favela que se consolidou às margens de um igarapé.O curioso é que apesar do aparente agito, por ali não há pedestres. Os carros passam em alta velocidade. Há algum tempo, escrevi um artigo sobre o "espaço público" em Manaus, que foi publicado pelo jornal "O Estado do Amazonas". Em linhas gerais, essa cidade para encontrar um maior desenvolvimento humano tem que refletir sua própria condição. Para isso, compartilhar idéias, diálogos e conflitos com os diferentes grupos é fundamental.Reproduzo abaixo o peuqeno texto que tinha citado há pouco:



ESPAÇO PÚBLICO EM MANAUS: A DIFÍCIL VIDA DO PEDESTRE

Caminhar pelas ruas da cidade de Manaus torna-se cada vez mais desagradável. A experiência de ter quase que sob os calcanhares veículos, grandes ou pequenos, desencoraja o manauara a circular pelo espaço público. As calçadas, sempre estreitas e carentes de uma homogeneização, parecem cada vez mais sucumbir diante do avanço do uso dos automóveis e das vias construídas para o aproveitamento de sua velocidade crescente. Ora, não estou preocupado com a saúde física do morador de Manaus quando escrevo essas linhas, embora a caminhada seja de fato um exercício saudável.O que salta aos olhos é a desvalorização de um elemento primordial para a compreensão da realidade urbana e fundador da riqueza característica da vida nas cidades: a convivência, nos espaços de uso público, entre os diversos “atores sociais”, o diálogo entre personagens e grupos diferentes constituintes desse cenário que é a cidade. A desvalorização do espaço público, dessa forma, tem como significado mesmo a depreciação da heterogeneidade como um princípio para a urbe. O manauara conhece cada vez menos os espaços comuns de sua cidade, usa cada vez menos os equipamentos urbanos dela, como que impelido a um estilo de vida que leva muito mais em conta o automóvel e a freqüência a espaços dedicados ao consumo.Os espaços de consumo, por sua vez, são por princípio excludentes. Neles, os indivíduos não são iguais por sua cidadania, mas se igualam somente na condição de clientes ou prováveis clientes. Visto que os espaços para o consumo se caracterizam pela busca de um tipo de comprador, passa-se a ter uma realidade urbana compartimentada em diversos espaços para o consumo freqüentados por públicos específicos. Portanto, segmentos sociais de renda superior não convivem com segmentos populares.Mais que tudo, desvalorizar a dimensão da vida urbana do contato com o diverso, com o outro, é abrir mão do conhecimento sobre a realidade da cidade e de seus habitantes. Enclausurar-se em carros ou em “shopping centers” é fechar-se à possibilidade de estabelecer linhas de diálogo que possibilitem a construção de novas soluções para o convívio social.

abertura (09/09/2006)

Tal blog, já que ninguém anda querendo publicar o que escrevo ou tenho a escrever, servirá para ser espaço para algumas de minhas idéias. Quanto à dimensão pública que o espaço pode ganhar (digo que pode porque parece que não terei um público assim tão grande: pode se resumir a mim e a ela), não tenho maiores reflexões. Ora não sei o porquê de querer tornar público o que podia ser só meu. Uma razoável explicação é que ando cada vez mais, nessa fase manauara, pela internet. Tenho tido acesso a mais blogs, e percepo o quanto tem coisa boa. Resolvi contribuir.O importante é que o espaço é mesmo meu: escreverei sobre assuntos quaisquer. Falarei de autores que ando lendo, músicas que escuto, de futebol, da chuva e do vento. E quanto aos comentários, não sei se existirão. Se existirem, tentarei ser o mínimo de autoritário que posso ser, censurando o mínimo.