terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Massacre palestino

Esse post foi originalmente publicado no blog do Idelber Avelar, www.idelberavelar.com. Achei adequado divulgar a carta de um ex-político israelense sobre a dinâmica dos ataques de Israel a Palestina e sobre o papel que os líderes internacionais podem ter nesse processo:

Carta aberta de Uri Avnery a Barack Obama

As humildes sugestões que se seguem são baseadas nos meus 70 anos de experiência como combatente de trincheiras, soldado das forças especiais na guerra de 1948, editor-em-chefe de uma revista de notícias, membro do parlamento israelense e um dos fundadores do movimento pela paz:

1)No que se refere à paz israelense-árabe, o Sr. deve agir a partir do primeiro dia.

2)As eleições em Israel acontecerão em fevereiro de 2009. O Sr. pode ter um impacto indireto, mas importante e construtivo já no começo, anunciando sua determinação inequívoca de conseguir paz israelo-palestina, israelo-síria e israelo-pan-árabe em 2009.

3)Infelizmente, todos os seus predecessores desde 1967 jogaram duplamente. Apesar de que falaram sobre paz da boca para fora, e às vezes realizaram gestos de algum esforço pela paz, na prática eles apoiavam nosso governo em seu movimento contrário a esse esforço.

Particularmente, deram aprovação tácita à construção e ao crescimento dos assentamentos colonizadores de Israel nos territórios ocupados da Palestina e da Síria, cada um dos quais é uma mina subterrânea na estrada da paz.

4)Todos os assentamentos colonizadores são ilegais segundo a lei internacional. A distinção, às vezes feita, entre postos “ilegais” e os outros assentamentos colonizadores é pura propaganda feita para mascarar essa simples verdade.

5)Todos os assentamentos colonizadores desde 1967 foram construídos com o objetivo expresso de tornar um estado palestino – e portanto a paz – impossível, ao picotar em faixas o possível projetado Estado Palestino. Praticamente todos os departamentos de governo e o exército têm ajudado, aberta ou secretamente, a construir, consolidar e aumentar os assentamentos, como confirma o relatório preparado para o governo pela advogada Talia Sasson.

6)A estas alturas, o número de colonos na Cisjordânia já chegou a uns 250.000 (além dos 200.000 colonos da Grande Jerusalém, cujo estatuto é um pouco diferente). Eles estão politicamente isolados e são às vezes detestados pela maioria do público israelense, mas desfrutam de apoio significativo nos ministérios de governo e no exército.

7)Nenhum governo israelense ousaria confrontar a força material e política concentrada dos colonos. Esse confronto exigiria uma liderança muito forte e o apoio generoso do Presidente dos Estados Unidos para que tivesse qualquer chance de sucesso.

8)Na ausência de tudo isso, todas as “negociações de paz” são uma farsa. O governo israelense e seus apoiadores nos Estados Unidos já fizeram tudo o que é possível para impedir que as negociações com os palestinos ou com os sírios cheguem a qualquer conclusão, por causa do medo de enfrentar os colonos e seus apoiadores. As atuais negociações de “Annapolis” são tão vazias como as precedentes, com cada lado mantendo o fingimento por interesses politicos próprios.

9)A administração Clinton, e ainda mais a administração Bush, permitiram que o governo israelense mantivesse o fingimento. É, portanto, imperativo que se impeça que os membros dessas administrações desviem a política que terá o Sr. para o Oriente Médio na direção dos velhos canais.

10)É importante que o Sr. comece de novo e diga-o publicamente. Idéias desacreditadas e iniciativas falidas – como a “visão” de Bush, o “mapa do caminho”, Anápolis e coisas do tipo – devem ser lançadas à lata de lixo da história.

11)Para começar de novo, o alvo da política americana deve ser dito clara e sucintamente: atingir uma paz baseada numa solução biestatal dentro de um prazo de tempo (digamos, o fim de 2009).

12)Deve-se assinalar que este objetivo se baseia numa reavaliação do interesse nacional americano, de remover o veneno das relações muçulmano-americanas e árabe-americanas, fortalecer os regimes dedicados à paz, derrotar o terrorismo da Al-Qaeda, terminar as guerras do Iraque e do Afeganistão e atingir uma acomodação viável com o Irã.

13)Os termos da paz israelo-palestina são claros. Já foram cristalizados em milhares de horas de negociações, colóquios, encontros e conversas. São eles:

a) estabelecer-se-á um Estado da Palestina soberano e viável lado a lado com o Estado de Israel.
b) A fronteira entre os dois estados se baseará na linha de armistício de 1967 (a “Linha verde”). Alterações não substanciais poderão ser feitas por concordância mútua numa troca de territórios em base 1: 1.
c) Jerusalém Oriental, incluindo-se o Haram-al-Sharif (o “Monte do Templo”) e todos os bairros árabes servirão como Capital da Palestina. Jerusalém Ocidental, incluindo-se o Muro Ocidental e todos os bairros judeus, servirão como Capital de Israel. Uma autoridade municipal conjunta, baseada na igualdade, poderia se estabelecer por aceitação mútua, para administrar a cidade como uma unidade territorial.
d) Todos os assentamentos colonizadores de Israel – exceto aqueles que possam ser anexados no marco de uma troca consensual – serão esvaziados (veja-se o 15 abaixo)
e) Israel reconhecerá o princípio do direito de retorno dos refugiados. Uma Comissão Conjunta de Verdade e Reconciliação, composta por palestinos, israelesnses e historiadores internacionais estudará os fatos de 1948 e 1967 e determinará quem foi responsável por cada coisa. O refugiado, individualmente, terá a escolha de 1) repatriação para o Estado da Palestina; 2) permanência onde estiver agora, com compensação generosa; 3) retorno e reassentamento em Israel; 4) migração a outro país, com compensação generosa. O número de refugiados que retornarão ao território de Israel será fixado por acordo mútuo, entendendo-se que não se fará nada para materialmente alterar a composição demográfica da população de Israel. As polpuldas verbas necessárias para a implementação desta solução devem ser fornecidas pela comunidade internacional, no interesse da paz planetária. Isto economizaria muito do dinheiro gasto hoje militarmente e a partir de presentes dos EUA.
f) A Cisjordânia, Jerusalém Oriental e a Faixa de Gaza constituirão uma unidade nacional. Um vínculo extra-territorial (estrada, trilho, túnel ou ponte) ligará a Cisjordânia e a Faixa de Gaza.
g) Israel e Síria assinarão um acordo de paz. Israel recuará até a linha de 1967 e todos os assentamentos colonizadores das Colinas de Golã serão desmantelados. A Síria interromperá todas as atividades anti-Israel, conduzidas direta ou vicariamente. Os dois lados estabelecerão relações normais.
h) De acordo com a Iniciativa Saudita de Paz, todos os membros da Liga Árabe reconhecerão Israel, e terão com Israel relações normais. Poder-se-á considerar conversações sobre uma futura União do Oriente Médio, no modelo da União Européia, possivelmente incluindo a Turquia e o Irã.

14)A unidade palestina é essencial. A paz feita só com um naco da população de nada vale. Os Estados Unidos facilitarão a reconciliação palestina e a unificação das estruturas palestinas. Para isso, os EUA terminarão com o seu boicote ao Hamas (que ganhou as últimas eleições), começarão um diálogo político com o movimento e sugerirão que Israel faça o mesmo. Os EUA respeitarão quaisquer resultados de eleições palestinas.

15)O governo dos EUA ajudará o governo de Israel a enfrentar-se com o problema dos assentamentos colonizadores. A partir de agora, os colonos terão um ano para deixar os territórios ocupados e voluntariamente voltar em troca de compensação que lhes permitirá construir seus lares dentro de Israel. Depois disso, todos os assentamentos serão esvaziados, exceto aqueles em quaisquer áreas anexadas a Israel sob o acordo de paz.

16)Eu sugiro ao Sr., como Presidente dos Estados Unidos, que venha a Israel e se dirija ao povo israelense pessoalmente, não só no pódio do parlamento, mas também num comício de massas na Praça Rabin em Tel-Aviv. O Presidente Anwar Sadat, do Egito, veio a Israel em 1977 e, ao se dirigir ao povo de Israel diretamente, mudou em tudo a atitude deles em relação à paz com o Egito. No momento, a maioria dos israelenses se sente insegura, incerta e temerosa de qualquer iniciativa ousada de paz, em parte graças a uma desconfiança de qualquer coisa que venha do lado árabe. A intervenção do Sr., neste momento crítico, poderia, literalmente, fazer milagres, ao criar a base psicológica para a paz.


(esta é uma carta aberta escrita por Uri Avnery, 85 anos, ex-deputado do Knesset, soldado que ajudou a fundar Israel em 1948 e que há décadas milita pela paz. A tradução ao português é de Idelber Avelar. O obrigado pelo envio do link vai ao Daniel do Amálgama. O pedido de divulgação vai a todos os que desejam uma paz duradoura, nos termos já reconhecidos pela comunidade internacional).

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

ministros do STF: Marco Aurélio Mello

O que agradará mais o ministro do STF Marco Aurélio Mello: estar hoje na capa de todos os jornais ou atrasar alguns meses uma decisão legítima do Governo brasileiro? Ou será que as duas coisas?

O relator do processo da demarcação da reserva Raposa/Serra do Sol, Carlos Ayres Britto, ainda tentou dissuadi-lo, mas não adianta. Em minha infância, tive um amigo na escola que chamava-se José Augusto. Muito gentil, tinha um defeito mais que aparente: toda vez que perdia um jogo de bola, diferente do que o costume apontava, recusava-se a sair do espaço do jogo. Assim, sem mais nem menos. Usava o estranho método de deitar-se na quadra impedindo que outros pudessem jogar. Só depois de muita reclamação e a argumentação de professores, ele saía.

Será que José Augusto e Marco Aurélio são parentes? O primeiro também era Mello!

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Vasco: o blog é vascaíno!

Nesse domingo, o Vasco foi rebaixado à Série B do Campeonato Brasileiro. Como alguns posts anteriores apontam, esse blog é vascaíno. Não é necessário dizer que foi triste o dia. Mas arrisco a dizer que não foi tanto! Não sei se por achar que ser rebaixado não é a pior coisa do mundo a acontecer com um grande clube ou por ter enxergado essa possibilidade ir crescendo com o desenrolar do campeonato. Alguns sinais apontavam a queda!
O embate político entre os retrógrados euriquistas e a nova diretoria realçou toda a fragilidade da estrutura de futebol do clube. A nova diretoria que capitaneou uma mudança na estrutura política vascaína foi, ao longo desse ano, sabotada pelas peças remanescentes da estrutura antiga de Eurico Miranda. Sem tempo e dinheiro para reagir a isso, a tarefa do Dinamite e colaboradores ficou mais complicada ainda.
O time era realmente muito ruim. A zaga seria reserva no glorioso Mirante do Amazonas: não estaria no nível do nosso beque Diego.
O rebaixamento veio. Agora é virar o jogo! Acho que isso pode ser uma refundação do clube, um processo ritual (a série B) que pode culminar no ressurgimento de um gigante do futebol, tendo como um dos pilares a aproximação entre quem é Vasco e o clube.
Noutro dia, escrevi sobre o livro "Veneno Remédio" do José Miguel Wisnik. A idéia que ele desenvolve do princípio básico do futebol é fabulosa e eu, mais uma vez, reproduzo aqui: "O futebol pode ser visto como um sistema simbólico que traciona o imaginário colocando-o aparentemente à beira de um precipício: o real da perda". Ou seja, quem joga está sujeito a ganhar e a perder.
A perda da qual o autor trata, a derrota, pode ter também inúmeros significados. De quantas derrotas gloriosas o futebol é feito? De minha parte, a despeito das inúmeras vitórias e títulos que eu pude comemorar do Vasco (três Brasileiros, seis Cariocas, uma Libertadores, uma Mercosul, um Rio-São Paulo) desde a meninice, foi uma derrota que me fez perceber que era vascaíno. Eu era tão novo (devia ter uns cinco anos) que não lembro contra que time o Vasco jogava. Lembro simplesmente dos detalhes que me moviam: o Vasco precisava de um empate para passar à fase seguinte. Meu pai, eu e meu irmão assistíamos ao jogo pela pequena televisão do meu quarto. Cada um dos pequenos via o jogo de pé sobre as camas e o meu pai de pé entre eles. O jogo chegava perto do fim e a pressão do adversário era grande até que um chute despretensioso de um atacante rival vence o goleiro Acácio. Um frangaço! A partida já ia tão perto do final que nenhuma reação foi possível. Depois da saída de bola do meio-campo, o juiz apitava seu fim. Eu e meu irmão choramos! Meu pai tentava nos consolar, mas era inevitável: éramos vascaínos!
Foi assim que se fundou essa relação minha com o Vasco. Nasceu de uma perda, de uma dura derrota! Dessa forma, todas as derrotas doídas do Vasco são, em meu arsenal emotivo, reencenações um pouquinho mais equilibradas daqueles momentos. No domingo, sofri com mais uma!
Há, é claro, a parte boa de torcer para um clube, as vitórias. E se todas as derrotas são pequenas reinterpretações daquele dia trágico, as vitórias ora se aproximam à sensação do gol do Cocada em 88 sobre o Flamengo (nesse caso, os três choraram de novo, mas de alegria) ora aos momentos finais de uma vitória nossa sobre o Flamengo num Vivaldão, em Manaus, lotado de vascaínos felizes!
Outras derrotas virão! Mas as vitórias vêm também! Que venham mais agora!
Saudações cruzmaltinas,

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

matéria sobre a cassação de Amazonino Mendes

Encontrei essa matéria no site da Agência Amazônia de Notícias (www.agenciaamazonia.com.br). Já que os jornais em Manaus pouco informam sobre a questão, posto a matéria aqui e espero que algum amazonense leia.


AMANDA MOTA (*)
contato@agenciaamazonia.com.
MANAUS, AM — O prefeito eleito de Manaus, Amazonino Mendes (PTB), teve o registro de candidatura cassado pela presidente do pleito de 2008, juíza Maria Eunice Torres, por compra de voto. A sentença, que tem 40 páginas, foi publicada nesta quinta-feira (27) e também determina a cassação do registro para o vice de Amazonino, Carlos Souza (PP). Eles foram condenados ao pagamento de multa no valor de R$ 91.295, cada um. Ambos podem recorrer da decisão, tomada em primeira instância, no Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas (TRE-AM).


Amazonino: suspeito de compra de votos, tem mandato cassado /ARQUIVO De acordo com a assessoria do prefeito eleito, em até três dias — prazo dado pelo tribunal, eles irão recorrer da decisão. O caso será levado à apreciação da Corte do TRE-AM. Segundo a assessoria da presidência do tribunal, caso o recurso apresentado pelos advogados de Amazonino Mendes não sejam aceitos e a sentença seja mantida, o segundo colocado nas eleições municipais deste ano em Manaus – o atual prefeito Serafim Corrêa (PSB) – poderá ser reempossado. Isso dependerá da decisão final que for anunciada e poderá, inclusive, chegar ao Tribunal Superior Eleitoral, em Brasília (TSE).



A sentença da juíza Maria Eunice Torres foi embasada, de acordo com a Justiça Eleitoral, em informações relatadas pela Delegacia de Defesa Institucional da Polícia Federal em Manaus, no Processo nº 24/2008.

Segundo as investigações policiais e também do Ministério Público, no dia 4 de outubro, véspera do primeiro turno das eleições municipais, representantes da coligação de Amazonino Mendes (Manaus, um Futuro Melhor) foram flagrados distribuindo requisições para abastecimento de combustível em um posto localizado na zona centro-sul da capital amazonense, em troca de voto e apoio no dia do pleito de 2008. Foram apreendidas 419 requisições, que continham a impressão da frase Eleições 2008 - Amazonino Mendes.

Com a decisão, Amazonino Mendes e Carlos Souza estão impedidos de receber o diplomas de prefeito e de vice por distribuição de vales-combustível – o que caracteriza captação ilícita de voto –, irregularidades constatadas no preenchimento dos cupons fiscais emitidos (o CNPJ não corresponde ao da coligação Manaus, um Futuro Melhor) e distorção do sentido da legislação eleitoral visando a legitimar as irregularidades.

(*) É repórter da Agência Brasil

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Amazonino Mendes cassado

A denúncia do Ministério Público de compra de votos por parte da chapa de Amazonino Mendes custou ao dito cujo a cassação da sua eleição a Prefeito de Manaus. Isso é para se comemorar muito!!!! Como havia apontado em outros posts, Manaus e o Amazonas já perderam muito tempo com esse e outros políticos retrógrados.
Incrível é a desatenção que os jornais amazonenses emprestaram ao fato. Parece tratar-se de um fato ligado a uma longínqua cidade, e não da capital do Estado do Amazonas. Para se ter idéia, meu pai, morador de Manaus e leitor assíduo de jornais, não sabia do fato.
Eu mesmo só soube a partir do comentário de uma grande amiga. Fui verificar nos jornais de Manaus e nada. Só indo aos jornais de outros estados, com pouco destaque, vê-se a notícia.
Como forma de fortalecer a divulgação dessa importantíssima notícia, adicionarei abaixo o link de matérias escritas na Folha de São Paulo e no Correio Braziliense. Aqui vão:

http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u472641.shtml

http://www.correiobraziliense.com.br/html/sessao_3/2008/11/29/noticia_interna,id_sessao=3&id_noticia=53148/noticia_interna.shtml


Agora é torcer para que a justiça seja feita!

terça-feira, 11 de novembro de 2008

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Há quarenta anos, assassinavam o Luther King Jr.!



Belíssima a eleição do Obama nos EUA. A foto é dele em um discurso retirada do site www.time.com
A festa da posse (20 de janeiro, acho) deve ser uma beleza, a exemplo do que aconteceu com o Lula em 2003.
Admirável feito democrático!

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

As cidades e seus ares (o caso de Manaus)

Interesso-me muito por tentar decifrar nas cidades o que alguns chamam de "espírito de época" (acho que quem usou esse termo, primeiramente, foi Hegel). Uma das cidades das quais me sinto mais confortável a tratar é Manaus, a cidade onde nasci e vivi até os 14 anos. Penso que tenha percebido inicialmente o ideário que toma o ambiente sócio-cultural manauara justamente porque ele se opôs à essência de minha personalidade. Desde a meninice (posso dizer que existo enquanto observador da realidade desde o início da década de 90), ouço dos mais velhos que me cercavam louvações ao grande crescimento econômico que Manaus já experimentava. Nesses casos, eram sempre citadas as cifras crescentes do PIB de Manaus e de sua população como signos inequívocos da importância conquistada pela cidade no cenário nacional. Quanto mais velho fui ficando, mais distanciamento tomei dessa perspectiva: primeiro, por pura birra, já que eu sempre desconfio, e assim sigo fazendo, dos muito otimistas; depois, por começar a tomar pé da realidade manauara.

Na verdade, o propalado crescimento econômico da cidade nada tem de original e é tão frágil quanto o solo amazônico. Como se sabe, esse crescimento baseia-se na política de incentivos fiscais que deu início à Zona Franca de Manaus, hoje Pólo Industrial de Manaus. A imensa parte desse pólo é constituída de filiais de indústrias estrangeiras com tecnologia própria e que, a qualquer mudança dos ventos políticos e econômicos, podem partir da cidade mais rapidamente que as sementes de seringueira. Essas deixaram o Amazonas por navio, levadas por representantes ingleses, diretamente às colônias da Inglaterra.

Apesar de o Amazonas ter vivido durante quatro décadas ( da década de 20 até a de 60) sob a dureza de uma fantástica estagnação econômica, pelo fim de um ciclo extrativista, e viver com a sombra da possibilidade de experiência semelhante, não se alterou a essência do discurso dos meus conterrâneos de elogio ao crescimento e de louvação ao seu poderio econômico.

Os manauaras vibram a cada novo prédio de arquitetura futurista, a cada novo viaduto em sua malha urbana. O questionamento a esse processo de crescimento que fez de Manaus uma cidade de 1,7 milhão de habitantes não faz parte do arsenal discursivo da cidade. Quem questiona, destoa! Lembro aqui de Marshall Berman, em seu grande "Tudo que é sólido desmancha no ar", no qual ele recorda sua infância no Brooklin, bairro de Nova Iorque. O autor descreve o bairro de sua infância como um lugar cheio de gente nas calçadas e nas ruas, crianças a brincar nas redondezas de suas casas, até que urbanistas resolveram cortar o bairro com uma imensa avenida, apresentada à cidade inteira como símbolo maior de um novo tempo, símbolo da modernidade. Berman relata que contra esse adversário, a modernidade, era impossível lutar. Apesar de ofendidos pela construção que lhes tirava a originalidade do bairro, seus moradores não puderam se opor à essência daquele movimento. No extremo, temiam se opor ao sonho da modernidade e representar o atraso.

Ora, no caso de Manaus, não se trata de se opor à transformação da cidade, ao dinheiro. Não é o que faço aqui, mas de propor que os manauaras olhem para as bases de seu crescimento econômico e verifiquem sua fragilidade. Escrevo essas linhas muito influenciado por um texto que acabo de ler do amazonense Antônio José Botelho, meu tio, que tem como título "Raciocinando por fora do pensamento único: evidências subjetivas de uma esquizofrenia histórica"*. O texto trata de comparar os processos de industrialização coreano e manauara, um que serviu como meio ao aprendizado tecnológico e outro que tem a política de atração de investimentos como fim em si.

Será que daqui a cinqüenta anos, os netos dos manauaras vão ouvir apenas relatos e louvações a uma época de fausto passada? Pois, eu ouvi tais histórias de meus avós em relação à borracha. Será que Manaus e o Amazonas serão incapazes de fortalecer o conhecimento e a tecnologia locais? Ou será que esse espírito amazonense de eterna louvação vai ganhar uma vírgula antes?

Abaixo, a verdadeira cor do Rio Negro:





* o texto, além de outros trabalhos, pode ser encontrado no site www.argo.com.br/antoniojosebotelho. Ali na barra lateral, vou adicionar um link permanente.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

sobre derrotas (o real da perda)

Li o mais recente livro do Professor de Literatura da USP José Miguel Wisnik. "Veneno Remédio: o futebol e o Brasil" é um livro inovador no que se refere à abordagem do futebol brasileiro: para além das reflexões a respeito das relações e conflitos sociais que giram em torno do futebol, o livro pretende abordar o "jogo de bola" por ele mesmo, obtendo daí conclusões sobre a cultura brasileira. Nunca li nenhum livro com proposta semelhante. Por outro lado, já tive contato com inúmeros trabalhos sobre os grupos de torcedores dos clubes de futebol, a fabricação de suas identidades, a respeito dos clubes ou que abordem a justiça desportivo-futebolística brasileira.
Achei a idéia do livro muito boa. Li de uma vez só. Mas isso me pareceu mais sintoma de uma certa precocidade do livro do que de sua qualidade textual. Não quero dizer que o autor tenha pecado por falhas próprias. Talvez o tema e a forma do texto, ensaio, o tenham levado a isso. Mas o livro é muito acelerado. Numa metáfora futebolística pueril, é como se a bola no jogo nunca se encontrasse com aquele autêntico camisa 10 e estivesse condenada a correr da mão do goleiro ao pé do último atacante, passando por nervosos carregadores de bola. Falta cadência ao texto!
Mas volto-me à essência do livro: suas elucubrações sobre o significado do jogo. Wisnik aponta: "O futebol pode ser visto como um sistema simbólico que traciona o imaginário colocando-o aparentemente à beira de um precipício: o real da perda. Está em questão, assim, a estrutura diferencial e dialética do sujeito, amplificada para as massas. Em termos simples: é preciso que o torcedor aceite a condição de que estamos sujeitos a ganhar (assumindo temporariamente uma onipotência imaginária) e a perder (recebendo uma cota de frustração e de real), ambas relativas e devolvidas ao reinício do jogo." (Wisnik, 2008: p. 46)
Relevante complementar a isso uma observação pessoal de que tornam-se potencialmente mais violentas as torcidas cujos times vencem seus jogos. Em geral, a torcida que perde (em minha visão), salvo em casos de humilhantes goleadas ou catástrofes como rebaixamentos, sai do estádio com menos disposição à violência porque mais tocada pelo que Wisnik chama de "real da perda".
No último sábado, fui ao campo. Já no trajeto que me levava de casa a São Cristóvão, senti a possibilidade da derrota. Pelo caminho, vi muitos vascaínos entusiasmados e confiantes na vitória. Sempre acho que grande confiança não é bom. A turma do teatro não tem aquele superstição de desejar "merda" pelo sucesso? Isso é porque na Grécia os atores viram que não podiam deixar claro que empreendiam uma tentativa de sucesso. Se os deuses soubessem disso, iam querer "brincar" com o espetáculo. Por isso, o "merda". Penso que os vascaínos devíamos inventar coisa assim. Podíamos ficar ali sentados na arquibancada de São Januário como quem lê interessadamente um livro ou pega sol.
A verdade é que o estádio de São Januário encheu. E todas as almas ali, inclusive a minha, resolveram se animar, cantar, gesticular. Prato cheio para os deuses gregos: tragédia na certa. Lá pelos quinze do segundo, o Vasco perdia por quatro a zero. Presente ao estádio, nunca tinha visto tamanho despautério. O "real da perda" dava "boa noite" aos vinte e cinco mil vascaínos.
A partir de agora, torço calado e disfarçado. Meu pai já havia tentado ensinar tal método aos filhos: o Vasco ganhava e ele afirmava solene "O Vasco vai perder!". Eu e meu irmão, indignados, o expulsávamos do ambiente onde estivéssemos. Não sabíamos que o sábio já previa o perigo.
Torçamos calados e disfarçados. Merda, Vasco!

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Infância no Parque 10 - Desagravo a Teupai (parte II)

O fato é que Teupai mudou. Continua fazendo o que fazia com a gente: protege os meninos. Os artífices (e culpados) de sua mudança somos nós, os meninos do Mirante do Parque 10. Ele nos salvara.

Isso se deu num lugar distante. Havíamos entrado na densa floresta. O mato marcava uma região liminar entre nossa cidade e o lugar que descobriríamos, por certo fantástico, a fronteira entre o que éramos e o que poderíamos ser. Por isso, em todas as tardes, explorávamos as possibilidades de alcançar o outro lado. Reuníamos armas (facas de cozinha e bombinhas de "São João") e água para as expedições. Por vezes, Teupai acompanhava o grupo. A técnica que usávamos para saber a distância do ponto de partida era o assobio da mãe de um dos meus amigos: ela chegava às seis da tarde e tentava localizar o filho. Nunca ouvíamos os assobios, mas já aguardávamos. Era a maneira de saber se estávamos longe, mui longe, ou perdidos. E acreditávamos no Fabian. Nosso método, em geral, funcionava. Quando o assobio não vinha, nosso amigo era acusado de desatenção e descuido. Apupado por todos, Fabian logo escutava o assobio. Tudo voltava à ordem e podíamos regressar.

Houve um dia em que chegamos aonde queríamos. Entramos numa fabulosa plantação de arroz (será assim o paraíso?). Uma estrada cortava o arrozal. Resolvemos seguir por ela. Assim fizemos até que vimos um grupo de crianças japonesas (ou descendentes de algum povo oriental) jogando xadrez. Eram, ao menos, sete duplas e aquilo nos chamou a atenção. Agrupados no pé de uma mangueira no centro de uma clareira cortada da plantação, os pequenos avistaram-nos e correram. E fomos atrás! Eles tinham medo, e nós os perseguimos.

domingo, 28 de setembro de 2008

filhote de diogo mainardi



Antes da ansiada verdade sobre Teupai, posto um vídeo que vi primeiro no www.pedrodoria.com.br.
É engraçado!

sábado, 27 de setembro de 2008

Coração Civil



Esses eleições às Prefeituras dos municípios brasileiros apresentam alguns retrocessos políticos. Nas três cidades em que mais respiro, Niterói, Manaus e Nova Friburgo, o quadro não é muito animador.

Em Manaus, há a inacreditável volta do Amazonino Mendes à disputa pela Prefeitura. Mais impensável que sua candidatura é o fato de ele contar com quase 50% de apoio popular, segundo pesquisas do Ibope. É certo que há chance de o bom prefeito Serafim Corrêa ir ao segundo turno, ao menos.

Em Nova Friburgo, Heródoto Bento de Mello voltou à disputa pelo cargo de prefeito depois de uma temporada na Sibéria socializando-se ao mundo da ciência. Da Sibéria o imaginativo candidato voltou pensando em trens e aviões. Trata-se de um cidadão Kane (capitalizado pelo dinheiro público, é claro).

Em Niterói, um acordão político pouco republicano agrega o PDT ao DEM (e muitos outros partidos) para eleger um desses políticos da mais pura tradição personalista, paternalista, o Jorge Roberto Silveira. Em aliança com o DeM(o)...

Quanto aos dois primeiros candidatos, fico aqui matutando sobre o que é necessário fazer para que os TRE's do Amazonas e do Rio de Janeiro, além do Tribunal Superior Eleitoral, impugnem candidaturas.

Penso que a transformação do nosso estado de coisas passe pela eleição de figuras e partidos comprometidos com a perspectiva de igualdade entre os homens e bom trato com a coisa pública. Acredito, entretanto, que anterior ou junto a isso deve ser a nossa mudança enquanto sociedade. A própria sociedade brasileira deve relativizar alguns de seus valores, deixar de lado o famoso "Você sabe com quem está falando" e outras práticas que reforçam nossas desigualdades e lançar-se à democracia de corpo e alma.

A música que eu posto aqui é bela! Que símbolos como esse sempre unam os brasileiros! Essa versão de "Coração civil" é do Coral de Meninos São Geraldo de Belo Horizonte. Achei no youtube. A composição é de Milton Nascimento e Fernando Brant.

sábado, 20 de setembro de 2008

Infância no Parque 10 - Desagravo a Teupai (parte I)

Teupai é um belo cachorro. Pertence a uma linhagem que misturou certamente ótimos exemplares da fina flor dos vira-latas amazonenses. Tranqüilo, não chama atenção senão por sua imponência física e postura quase fidalga. Assemelha-se aos cães da raça labrador. Tem o pêlo claro e liso. Jamais ouvi um latido sequer do bicho, que não precisa latir para conquistar suas numerosas amantes por todo o bairro. Passou a fazer parte da vida do grupo de meninos ali do Parque 10, em Manaus, por estar sempre por perto: nas corridas de bicicleta, jogos de bola e em grandes aventuras de exploração pelas redondezas. O curioso nome "Teupai" não sei quem dera. Não lembro se um de meus amigos ou alguém mais velho.
O grupo de meninos, formado por amigos, meu irmão e eu, tinha uma idade média de nove anos. Morávamos todos no Conjunto Icaraí, uma região do Parque 10 que só tinha casas, dois condomínios de prédios e os resquícios de mata que os anos levaram. Por esses resquícios de mata, descobrimos vários atalhos para outras regiões da cidade, como a ainda perdida Colônia dos Colombianos manauara. Em razão das poucas casas e do pequeno movimento de carros, podíamos experimentar uma vida de cidade pequena nas ruas da Manaus do início da década de 90, já com mais de um milhão de habitantes. Ficávamos todos, depois das horas de escola e de algum tempo dedicado às tarefas escolares, livres para ir à rua. Os pais e as mães, em geral, trabalhavam até o início da noite.
À distância dos responsáveis, Teupai representava uma proteção contra outros cachorros, sempre prontos ao ataque, cavalos soltos e selvagens, e outros perigos que ameaçam os meninos em suas expedições e aventuras. Teupai era mesmo um símbolo de nossas bem sucedidas explorações à cidade. Teupai era um amigo.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

liberalismo nos olhos dos outros é refresco

Os principais Bancos Centrais do mundo anunciaram um plano para socorrer o mercado financeiro mundial: US$ 200 bilhões para segurar a barra dos capitalistas defensores do neoliberalismo. Não é legal?

Mais legal é ver a careta dos tucanos decepcionados com o fato de o Brasil estar passando sem maiores solavancos por uma grande crise financeira internacional.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

porque um dia chuvoso tem muita graça


Ontem, Allende; hoje, Evo Morales

Triste coincidência chama a atenção nesse início de setembro. Há que lembrar, é claro, do 11 de setembro chileno: aqueles acontecimentos foram muito tristes para a democracia do Chile e para o povo sul-americano.
Hoje, 12 de setembro, um outro governo de esquerda é ameaçado pelos interesses de uma oligarquia tacanha e por apoiadores que, no mínimo, têm pouco apreço pela democracia.
Se Allende tinha dificuldade para governar por ter menos que cinquenta por cento dos votos válidos, e isso é longe de ser atenuante para o crime praticado contra seu governo, o de Evo conta cerca de 65% de amparo dos votos bolivianos.
Vendo o problema aqui do Brasil, não fico surpreso porque não espero nada mesmo dos jornais brasileiros, mas é triste ler as abordagens sobre esses atos anti-democráticos na Bolívia. Todos os jornais abriram espaço, com textos e convites a especialistas ao problema da remessa de gás da Bolívia ao Brasil, prejudicada pelos vândalos da direita boliviana. O ministro entrevistado pelas rádios e TV's não foi o de Relacões Exteriores, mas o amigo do Sarney e Ministro da Energia Edson Lobão.
E, poxa, o que é ser de direita na Bolívia hein? O país é o mais pobre do continente, apresenta uma super desigualdade social-econômica entre índios e não-índios. Os governos de direita e liberais que antecederam o de Evo dilapidaram os cofres, mesmo diminuindo o Estado com as privatizações. No fim das contas, ainda saíram assassinando pobres sob as ordens do Gonzalo Lozada, que mora, é claro, nos EUA.
Penso até que essas agitações atuais não terão força para abrir caminho para um golpe de Estado. Os países da América do Sul, em especial os mais importantes, Brasil, Argentina, Chile e Venezuela, além de Uruguai, já se anteciparam ao afirmar que não reconhecerão qualquer governo que se imponha ao governo democraticamente eleito. Além disso, as sanções econômicas que o Brasil e a Argentina podem imputar a um governo golpista seriam muito grandes.
Entretanto, acho que o jogo deles é mesmo ficar mexendo sempre para atrapalhar o Governo do Evo, de olho nas eleições seguintes.

Boas energias ao Evo e ao povo da Bolívia!

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

eu no cenário fluminense


Há dez anos, desde Manaus, invado a paisagem fluminense.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

retorno ao blog e links

Adicionei blogs interessantes ao lado. Andava um pouco afastado do meu próprio, por conta de trabalho e outras coisas.
Adicionei alguns endereços aos quais sempre corro em busca de bons textos e reflexões das mais variadas: os blogs de Milton Ribeiro e Idelber Avelar. Os caras são feras da arte de escrever e sucesso no mundo dos blogs.
Indico a leitura do Blog do Moisés Arruda, amazonense como eu e exilado da terra natal. Os textos são muito legais, sempre abordando questões referentes às amazonidades . Além disso, o diálogo com o Moisés foi o responsável pela abertura desse espaço de links, inexistente no Blog do Ega até então.
Outro blog indicado é o dopedal.blogspot.com, interessantíssimo por sua tentativa de apontar a viabilidade e mesmo a necessidade de aumentarmos o uso de bicicletas nas nossas cidades. No caso dele, a cidade-alvo é a maravilhosa Nova Friburgo, na serra fluminense.
O último endereço que apontei aqui diz respeito a sofrer. É um site de notícias a respeito do grande Vasco da Gama. Ultimamente, boas notícias não há! É sempre bom dar uma olhada, entretanto. Vai que o Vasco contrata um gênio futebolístico perdido pelos rincões do Brasil...

terça-feira, 2 de setembro de 2008

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Milton Hatoum

Sempre me pego refletindo a respeito de grandes figuras do Brasil e, às vezes, do meu estado natal. O Amazonas não tem uma grande quantidade de escritores renomados no país, mas há um autor contemporâneo que me encanta. Trata-se de Milton Hatoum. Gosto muito de sua escrita, e da complexa Manaus que ele faz mundo com suas palavras. Os personagens manauaras e amazoneneses circulam por suas tramas como altivos senhores do mundo. Todos somos reis: daí a importância de contar o humano no que tem de universal a partir do local.
Do ponto de vista pessoal, o cheiro da Manaus que o Hatoum descreve é aquele que eu sinto todas as vezes em que vou por lá. É uma mistura de galhardia e tristeza, fausto e miséria, pureza e podridão. Essa Manaus eu penso que carrego comigo.
Nos últimos dias, li o último livro publicado por ele: a novela "Órfãos do Eldorado". Gostei muito do texto e achei interessantíssima a epígrafe de abertura do livro: é um trecho de um poema de Konstantino Kafávis. Reproduzo uma pequena parte aqui:

"Não encontrarás novas terras, nem outros mares.
A cidade irá contigo. Andarás sem rumo.
Pelas mesmas ruas. Vais envelhecer no mesmo bairro.
Teu cabelo vai embranquecer nas mesmas casas.
Sempre chegarás a essa cidade. Não esperes ir a outro lugar.
Não há barco nem caminho pra ti."

quarta-feira, 5 de março de 2008

massacre na Palestina


Israel continua matando palestinos com a anuência do governo dos EUA no Conselho de Segurança da ONU. Na foto, crianças palestinas fogem de soldado de Israel.


vê-se a luz (foto de fenda em Arraial do Cabo)