segunda-feira, 2 de abril de 2007

A Amazônia e o aquecimento global

O pequeno texto é fruto de uma preocupação minha a respeito da Amazônia, entendida no contexto do combate ao aquecimento global. Minha preocupação é que os amazônidas apresentem ao mundo soluções no trato com a floresta, e não o inverso.
Assim como movimentos políticos carecem de legitimidade quando não tem base, também soluções pros problemas locais e do mundo devem partir das realidades comunitárias.
Quem, melhor que um caboclo da terra, pode falar melhor do rio Madeira, por exemplo? Essa é a perspectiva que busco exaltar!




A Amazônia e o aquecimento global


Nos últimos tempos, assiste-se a consolidação da discussão a respeito dos problemas ambientais globais. A minha intenção é a de apontar ao leitor o quanto do reconhecimento dos variados processos de degradação ambiental é um fenômeno de cunho político. Evidentemente, tal fenômeno também carrega reverberações do ponto de vista econômico.
Entre os elementos elencados pelos principais atores políticos enquanto vetores no debate sobre a degradação ambiental, está o aquecimento global. É o problema do aquecimento global o que mais chama a atenção entre os estudiosos da questão ambiental e executores de políticas públicas.
Ora, e no que consiste o aquecimento global? Trata-se da progressiva impossibilidade da natureza em absorver a grande (e cada vez maior) quantidade de emissão de dióxido de carbono na atmosfera. Tal substância, aliada a outros elementos químicos, impede a saída de parte dos raios solares da atmosfera. Isso ocasiona o aumento da temperatura do planeta. Isso é fato comprovado cientificamente!
O que se discute são os efeitos e conseqüências do aumento da temperatura ao redor da Terra. E é nessa discussão eminentemente política que quero entrar, especialmente pelo fato de ser o desmatamento da Amazônia, através das grandes queimadas, apontado como um dos principais pólos de emissão de dióxido de carbono. O Brasil, muito em virtude de tais queimadas na floresta, tem sido apontado como o quarto maior poluidor da atmosfera da Terra.
Essa afirmação, embora verdadeira, é capciosa. O Brasil é o quarto maior poluidor da atmosfera em termos absolutos. Não deixa de chamar atenção, entretanto, o fato de outros países serem mais industrializados do que o nosso e estarem atrás nesse triste ranking. Acontece que outras regiões do mundo contribuíram historicamente e contribuem muito mais que o Brasil, em termos relativos. Assim, é possível prever que se existisse um índice para apontar a contribuição por indivíduo para o aquecimento global, o Brasil estaria muito atrás da Holanda ou da Bélgica, pequenos países.
Não quero apresentar a idéia que o Brasil e a Amazônia não devam impor limites ao desmatamento e à emissão de dióxido de carbono de suas indústrias. Acontece, entretanto, que devemos estar alertas a esse jogo político das grandes potências que tentam imputar a todos os países do mundo a mesma responsabilidade que a sua para o combate às mazelas ambientais.
Os Estados Unidos da América, por exemplo, até hoje se recusam a serem signatários do Protocolo de Kyoto, acordo internacional que reúne perspectivas de combate ao aquecimento da Terra. Não se pode deixar de citar a importância de iniciativas como a da União Européia que propôs uma redução de 20% dos níveis de poluição de suas indústrias de 1990, de forma unilateral.
Surge a possibilidade de os amazônidas apresentarem ao mundo, nesse momento de crise ambiental, propostas de desenvolvimento com tecnologia endógena e não poluente. Ganham importância os variados modelos de desenvolvimento sustentável de comunidades ribeirinhas e povos indígenas, que devem contar com o crescente apoio das instituições de fomento da região. Mora aí uma das possibilidades de contribuição original da Amazônia para o mundo.

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