"A união de Preedy e o mar! Havia vários rituais possíveis. O primeiro consistia no passeio que virara corrida e mergulho direto na água, suavizando-se depois num 'crawl' enérgico e sem salpicos em diração ao horizonte. Mas, é claro, não realmente para o horizonte. De súbito, ele se viraria de costas e levantaria grandes salpicos brancos com as pernas, de certo modo demonstrando assim que poderia ter nadado até mais longe se quisesse, e em seguida ficaria em pé por um pouco fora da água para todos verem quem era.
A outra linha de ação era mais simples, evitava o impacto da água fria e o risco de parecer animado demais. A questão cifrava-se em demonstrar estar tão habituado ao mar, o Mediterrâneo e a esta praia em particular, que tanto poderia estar no mar como fora dele. Consistia numa lenta caminhada e na descida até a beira d'água - nem mesmo notando que os pés estavam molhados, uma vez que, terra e água, tudo era igual para ele! - com os olhos no céu, examinando gravemente os presságios do tempo, invisíveis para os outros ( Preedy pescador local)" ( Samson, William citado por Goffman em seu "A representação do eu na vida cotidiana")
Entender a vida social como cenário: uma das possibilidades! Somos atores? Mas há algo por trás de nossas máscaras, um eu específico e secreto? Algo que una todos os papéis sociais sob um mesmo signo?
Penso que sim! Mas, como se sabe, eu sou eu: não domino todos os scripts.
Talvez o João da Ega real fosse mais enérgico e apontasse a verdade.
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