sábado, 4 de abril de 2009

o tempo

No diálogo com um homem do futuro sem nome, Eudoro Acevedo, personagem de Borges, assim fala de seu tempo:

“No meu curioso ontem, prevalecia a superstição de que entre cada tarde e cada manhã acontecem fatos que é uma vergonha ignorar. O planeta estava povoado de espectros coletivos, o Canadá. o Brasil, o Congo Suíço e o Mercado Comum. Quase ninguém conhecia a história prévia daqueles entes platônicos, mas, sim, os mais ínfimos pormenores do último congresso de pedagogos, a iminente ruptura de relações e as mensagens que os presidentes mandavam, elaboradas pelo secretário do secretário com a prudente imprecisão que era própria do gênero. (...) No ontem que me tocou, as pessoas eram ingênuas; acreditavam que uma mercadoria era boa porque assim o afirmava e repetia o seu próprio fabricante. Também eram freqüentes os roubos, embora ninguém ignorasse que a posse de dinheiro não dá maior felicidade nem maior tranqüilidade.” (Borges, Jorge Luis “A utopia de um homem que está cansado in: O Livro de Areia)

3 comentários:

Anônimo disse...

O Congo Suíço nunca existiu.

Anônimo disse...

o que importa é o tempo!

Anônimo disse...

tempo é dinheiro.