sábado, 20 de setembro de 2008

Infância no Parque 10 - Desagravo a Teupai (parte I)

Teupai é um belo cachorro. Pertence a uma linhagem que misturou certamente ótimos exemplares da fina flor dos vira-latas amazonenses. Tranqüilo, não chama atenção senão por sua imponência física e postura quase fidalga. Assemelha-se aos cães da raça labrador. Tem o pêlo claro e liso. Jamais ouvi um latido sequer do bicho, que não precisa latir para conquistar suas numerosas amantes por todo o bairro. Passou a fazer parte da vida do grupo de meninos ali do Parque 10, em Manaus, por estar sempre por perto: nas corridas de bicicleta, jogos de bola e em grandes aventuras de exploração pelas redondezas. O curioso nome "Teupai" não sei quem dera. Não lembro se um de meus amigos ou alguém mais velho.
O grupo de meninos, formado por amigos, meu irmão e eu, tinha uma idade média de nove anos. Morávamos todos no Conjunto Icaraí, uma região do Parque 10 que só tinha casas, dois condomínios de prédios e os resquícios de mata que os anos levaram. Por esses resquícios de mata, descobrimos vários atalhos para outras regiões da cidade, como a ainda perdida Colônia dos Colombianos manauara. Em razão das poucas casas e do pequeno movimento de carros, podíamos experimentar uma vida de cidade pequena nas ruas da Manaus do início da década de 90, já com mais de um milhão de habitantes. Ficávamos todos, depois das horas de escola e de algum tempo dedicado às tarefas escolares, livres para ir à rua. Os pais e as mães, em geral, trabalhavam até o início da noite.
À distância dos responsáveis, Teupai representava uma proteção contra outros cachorros, sempre prontos ao ataque, cavalos soltos e selvagens, e outros perigos que ameaçam os meninos em suas expedições e aventuras. Teupai era mesmo um símbolo de nossas bem sucedidas explorações à cidade. Teupai era um amigo.

3 comentários:

Anônimo disse...

Teupai era um verdadeiro pai.

Anônimo disse...

Teupai era um verdadeiro pai.

Anônimo disse...

era a materialização dos anjos da guarda dos meninos!