Vivemos num mundo em que a diversidade é cada vez mais ameaçada por um tipo de exaltação massiva de um modelo de vida, em que ganha importância o "ter" e perde o "ser". Por vezes, a idéia de cidadania política já se vê substituída por um tipo de cidadania do consumo. Só fala quem compra, só escreve quem paga! E mais e mais, o mundo vai ficando silencioso.
Tenho lido um livro publicado pela editora Achiamé. Chama-se "Discurso sobre o filho-da-puta" que, de uma forma alternativa, questiona o processo de reprodução do cada vez mais complicado mundo em que vivemos.
Publico abaixo um pequeno trecho do livro de Alberto Pimenta:
"filhos-da-puta vocacionados para fazer e filhos-da-puta vocacionados para não deixar fazer, e estes (desde já se pode afirmá-lo) são os dois tipos universais e eternos de filho-da-puta. Há, naturalmente, subtipos e especializações funcionais com funções especiais: modos de fazer e de não deixar fazer, de fingir fazer e deixar fazer, ou de fingir não fazer e não deixar fazer; no entanto, quer os dois tipos, quer os vários subtipos de filhos-da-puta, todos eles são primeiramente e acima de tudo filhos-da-puta e disso todos estão bem cônscios. É por isso que nem sempre podemos e devemos delimitar rigidamente estes tipos, dado que eles são flexíveis e constantemente se entrecruzam e interpenetram e, sobretudo, constantemente se ajudam e entreajudam. (...) Todo o filho-da-puta especializado em fazer faz tudo o que possa contribuir para que a vida não corra despreocupadamente; todo o filho-da-puta especializado em não deixar fazer não deixa fazer nada que possa contribuir para que a vida corra despreocupadamente. (...) É longa, muito longa, a lista do que pode fazer um filho-da-puta especializado em fazer: desde normas e adendos e emendas de formas, até decretos oblíquos e retos , e despachos discretos, não há nada, não há praticamante nada que um filho-da-puta especializado em fazer não possa fazer."
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Um comentário:
eles são a maioria!
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